Galinho de rinha 29/09/2006

Quero comunicar pesarosamente que assisti ainda hoje (ontem) o horário eleitoral gratuito. Para minha profunda consternação, vi e ouvi, o prof. Wilson Santos, tecendo loas, visivelmente constrangido, a um determinado candidato, dado a lides sorumbáticas, do famoso “nortão”. Pelo pouco que conheço, motivos poderosos e inconfessáveis devem ter motivado tal errático ato. A “sem-graceira” do nosso burgo-mestre era quase palpável, agia de tal modo, como se estivesse a se desculpar pelo que estava fazendo. Confessando espanto comecei a me interrogar, o que fizeram com o nosso ilustre alcaide? Porventura os ímpios o abduziram e colocaram no seu lugar um ser estranho? O que fizeram com nosso impetuoso e fogoso “Galinho”, porventura ministraram-lhe a sua revelia, doses cavalares de chá daquela erva que tanto delicia o inefável ministro Gil? O que fizeram com o nosso venerável coletador chefe de impostos, cortaram-lhe as esporas de galo de terreiro, quebraram-lhe o bico sempre forte que nunca deixou o rinhedeiro amargurando fracasso? E o sangue das veias, sempre efervescente, pronto em vigilância? Transfundiram o líquido da vida do “Galinho”? E, a valentia, sempre posta em altiva agilidade, até agressiva para muitos, podaram-lhe as pontas das asas? Do fundo da memória me vem uns versos, evoco, Caetano Braun:

“Pôr isso é que numa rinha

Eu contigo sofro junto,

Ao te ver quase defunto.

De arrasto, quebrado e cego,

Como quem diz, Não me entrego:

Sou galo, morro e não grito

Cumprindo o fado maldito

Que desde a casca eu carrego!”

Padeço um pouco da memória, já me chegam alguns invernos; faço um esforço e na seqüência, deixo a ultima cantiga do poema para o indiozinho manauara e cuiabano de coração:

“Porque na rinha da vida

Já me bastava um empate!

Pois cheguei no arremate

Batido , sem bico e torto ..

E só me resta o conforto

Como a ti, galo de rinha

Que se alguém

dobrar-me a espinha

Há de ser depois de morto!

Ouço na memória da vida, meu velho iniciando a declamação:

“Valente galo de rinha,

guasca vestido de penas!

Quando arrastas as chilenas

No tambor de um rinhedeiro,

No teu ímpeto guerreiro

Vejo um gaúcho avançando

Ensangüentado, peleando,

No calor do entreveiro !...”

Amigo, nas próximas eleições, vote certo, siga seu próprio tino, nem sempre algumas recomendações são verdadeiras.

Os motivos? Vá lá saber!!!

*Léo Medeiros é Cidadão Cuiabano

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