Alô... Pai??? 12/12/2007

Era a antevéspera do natal.

Numa esquina movimentada e perigosa o Agente de Trânsito observava atentamente o fluxo dos veículos; pedestres e carros competiam pelo espaço.

Num minuto o ranger de pneus no asfalto e o baque surdo de um corpo no chão.

Um senhor de cabelos brancos jazia numa poça de sangue.

O Amarelinho foi o primeiro a prestar socorro; em seguida, a ambulância com os bombeiros; junto ao velho senhor seguiu o agente em direção ao pronto-socorro.

Recolhido na ambulância que segue velozmente pelo trânsito, a caminho do atendimento, ouvindo os ruídos do trânsito e o grito constante da sirene, o velho reclama, aflito, no que lhe poderá acontecer de uma hora para outra!

- Será que escapo desta?

- Calma senhor, logo chegaremos ao hospital.

Como a prever o futuro imediato o velho lamuria-se.

- Ah... Meu filho distante daqui... Há quanto tempo não ouço sua voz ao telefone? Será que foi no meu aniversario? Talvez... Às vezes ele se esquece da data e me liga dias depois se desculpando ! Será que foi no Natal? Bem. O Natal foi depois do meu aniversário e, normalmente eu é que costumo ligar... Sim. Foi no Natal, há uns quatro meses! Se meu aniversário caísse na véspera do Natal... Como seria bom !

-Calma senhor, evite falar, já estamos chegando.

Chega no hospital e é internado, ficando num quarto, em observação até que seja avaliado o seu estado.

Os bombeiros e o agente consideraram cumprida a missão.

Ao paciente, os médicos, disseram a palavra de sempre:

- ¨Estável¨

“Será que serei removido para a UTI ?” pensou o velho ainda parcialmente lúcido.

Uma enfermeira, depois das providências de praxe, ia deixando o quarto, quando ele resolveu chamá-la , pedindo-lhe que fizesse uma ligação interurbana e com alguma dificuldade, passou-lhe o numero, dizendo ser o de seu filho, com quem não falava há muito tempo.

Feita a ligação, a enfermeira passou-lhe o fone, dizendo:

- Alguém me disse que seu filho está com um cliente, em outro aparelho. Aguarde um pouco. Ele sorriu !

Em seguida ela deixou o quarto.

Após alguns minutos, um médico entrou o quarto e deparou com uma cena que, no mínimo, para ele, era tragicômica !

O paciente, já sem vida, estava com o fone solto sobre o peito .

Ouvia-se uma voz dizendo:

- Alô... Pai... Alô... Alô... Pai?

Diante da cena, o médico pegou o fone e respondeu:

- Aqui é um médico. Seu pai não poderá mais falar contigo! Óbito!

Ouviu então, apenas uns soluços vindos do outro lado e o sinal de desligado...

Nem o agente de trânsito e nem os bombeiros socorristas souberam desta estória.

...

*Kamarada Mederovsk é um ¨cerumano¨ como outro qualquer

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