Zidane Marruá 11/07/2006

“Diante do que não podia ser mais do que uma grave agressão, o senhor reagiu como um homem de honra antes de sofrer, sem pestanejar, o veredicto”, escreveu o presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, em mensagem enviada a Zidane.

Pois é, querem transformar o jogo de futebol, numa rodada de chá de madames inglesas, até com a famosa afetação do dedo minguinho ereto ao segurar a xícara.

O esporte bretão é fantásticamente uma arte, de guerra, de machos, de enfrentamento, de forças individuais e coletivas; vejam por exemplo, como se comportam os “atretas”, (como diria o locutor e ex-prefeito devorador de tubaínas e coxinhas), do campeonato municipal de cuiabano.

Por acaso você já viu o zagueirão do Santa Isabel no final da jornada e no intervalo do jogo, confraternizando-se com o ponta de lança do time lá do CPA?

Não viu e não verá nunca; pelo menos nessa encarnação. É a negação do caráter combativo do esporte, é a derrota prévia anunciada, é a capitulação covarde antes do enfrentamento.

Mataram o futebol, morri de vergonha quando vi o tal de Robinho, deslumbradamente abraçando o capitão adversário, sim, abraçando o Zidane, no intervalo do jogo Brasil e França.

Morri de vergonha quando assisti o velho Zagalo, medíocramente barganhando a camisa do Roberto Carlos com um zagueiro australiano e sendo ignorado pelo pernóstico.

Vai aqui meus respeitos ao Zidane, um homem de verdade, um touro marruá reagindo a sei lá o que dito pelo italiano, ás favas a etiqueta do medo, da Globo da Nique, da Fifa, do cu do judas.

Toda criatura desta terra tem toda razão possível, num momento qualquer de sua natureza, de dar uma cabeçada num zagueiro, num porteiro, numa grande ou pequena autoridade, seja ela um soldado-raso ou um presidente da República.

Por fala em presidente, umas boas cabeçadas estão fazendo falta na República da Bananolândia.

Quantos de nós pensamos em dar uma marrada em um feladaputa qualquer, algum dia por algum motivo?

Faltam no mundo, homens como Zidane, que se exponham, que não se acautelem por medo do processo civilizatório, por medo do sermão do padre ou do editorial noticioso matutino.

Comparemos o ato zidanesco, de enfiar os cornos no peito do italiano ofensor, com a mediocridade brazuca, burlesca, afetada, irresponsável, daquele lateral massageando as pernocas no limite da área e sendo lancetado pelo gol do francês; qual do dois você escalaria na final do campeonato varzeano.

Tenho dito.

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