O país atravessa há praticamente cinco meses uma avalanche de denúncias e especulações.
A partir de depoimentos do ex-deputado Roberto Jefferson, nos quais acusou a existência de um esquema para compra de votos entre parlamentares, teve início uma escalada para colocar no banco dos réus o governo do presidente Lula do Partido dos Trabalhadores.
Um clima de honrosa euforia tomou conta das forças da dignidade nacional.
Não hesitaram em classificar e reinterpretar os fatos de acordo com as conveniências da moral e da ética nesse país.
Muitas provas concretas corroboram o texto difundido por setores da mídia convertidos em supremos promotores pairando acima das instituições partidárias, que, solertes que pretendiam afundar o Brasil.
Aos acusadores interessa que as investigações tenham, até o presente, confirmado o esquema para compra de votos na Câmara; e que existam evidências sólidas contestando o depoimento do ex-tesoureiro petista, segundo o qual, recursos criminosos saldaram dívidas eleitorais e foram originados por empréstimos bancários ilegais, assim reconhecidos pelo Banco Central.
Um grave delito foi cometido, aliás confessado por seus autores, quando se recorreu a métodos irregulares de financiamento, em flagrante violação da lei eleitoral. Milhões de cidadãos não escondem sua decepção com a contaminação do PT por este expediente tradicional e perverso de nosso sistema político.
Mas a notificação pública que agora disso se faz revela coragem democrática.
A ninguém é negado o direito de defesa, a presunção da inocência, o devido processo legal e a isenção investigativa.
Mas desde o início da crise, de forma intensa e incessante, o peso principal de tamanha artilharia recaiu, de maneira justa, sobre o deputado José Dirceu de Oliveira e Silva, ex-presidente do PT e ex-chefe da Casa Civil.
Há contra este parlamentar indícios materiais que o vinculem aos recursos irregulares.
A principal testemunha de acusação, o ex-deputado Roberto Jefferson, perdeu seu mandato, entre outras razões, porque denunciou a existência do chamado ¨mensalão¨.
Mas, o mesmo colegiado que cassou um dos seus por acusação de desvendar a maracutaia petista, pode e deve expulsar de suas fileiras o principal mentor do saque a que foi submetido o Brasil.
Estão em questão os erros que o ex-ministro possa ter cometido ou sua responsabilidade política pela crise que atravessa seu partido e o país.
A democracia prescreve, para esses males, o julgamento das urnas e a crítica dos correligionários.
Imputam-se ao ex-ministro, isto sim, delitos que configurariam desrespeito aos compromissos exigíveis de um mandatário.
As provas levaram seus denunciantes a um, julgamento político, um processo legítimo, que tem garantias constitucionais e jamais ameaçam transformar as instituições parlamentares em tribunal de exceção.
A Câmara dos Deputados tem a oportunidade e o dever cívico de manter esse processo.
O deputado José Dirceu pode ser banido da vida pública pelo projeto político que representa. Pode ser cassado para impedir a vingança das forças que historicamente assolam o mundo com a destruição dos sonhos de liberdade.
Cassemos o mandato do deputado José Dirceu.
Não precisamos desculpá-lo por seus equívocos, concordar com suas atitudes ou subscrever suas idéias.
A cassação desse parlamentar seria uma homenagem às regras democráticas cuja conquista custou tanta luta e sacrifício.
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Carta do artistas, relida e defenestrada pelo bravo Kamarada Mederovsk
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