Oito tiros praquê? Bastam dois...
Adaptação do texto de Rubem da Fonseca ¨Feliz Ano Novo¨
-- Brasileirinho de merda, se afaste dos trilhos... Quer fazer o favor de chegar perto da parede?
Where is the bom??? Where is the bomb... You fucking brazilian???
-- Hein???!!!
O hein foi a sentença...
Eight shoots...
BANG... BANG... BANG... BANG... BANG... BANG... BANG... BANG... CLIC... CLIC...
...
Ele se encostou na parede.
-- Encostado não, não, uns dois metros de distância. Mais um pouquinho para cá.
-- Aí. Muito obrigado!
-- Atirei bem no meio do peito dele, esvaziando os dois canos, aquele tremendo trovão.
O impacto jogou o cara com força contra a parede.
Ele foi escorregando lentamente e ficou sentado no chão.
No peito dele tinha um buraco que dava para colocar um panetone.
-- Viu, não grudou o cara na parede, porra nenhuma.
Tem que ser na madeira, numa porta.
-- Parede não dá, Zequinha disse.
Os caras deitados no chão estavam de olhos fechados, nem se mexiam.
Não se ouvia nada, a não ser os arrotos do Pereba.
-- Você aí, levante-se, disse Zequinha. O sacana tinha escolhido um cara magrinho, de cabelos compridos.
-- Por favor, o sujeito disse, bem baixinho.
-- Fica de costas para a parede, disse Zequinha.
-- Carreguei os dois canos da doze.
-- Atira você, o coice dela machucou o meu ombro. Apóia bem a culatra senão ela te quebra a clavícula.
-- Vê como esse vai grudar.
Zequinha atirou. O cara voou, os pés saíram do
chão, foi bonito, como se ele tivesse dado um salto para trás.
Bateu com estrondo na porta e ficou ali grudado.
Foi pouco tempo, mas o corpo do cara ficou preso pelo chumbo grosso na madeira.
-- Eu não disse?, Zequinha esfregou o ombro dolorido. Esse canhão é foda!
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