Mansão em festa 24/01/2006

Os festeiros tradicionais de Cuiabá escafederam-se, os colunáveis da terrinha, as “socialytes”, toda a tribo pululante e seus encostos não mais refestelam-se nas mansões goiabeirais.

O que terá acontecido?

Esqueceram-se do modo satyriconal das festas?

Então, meus caros,voltem ao passado e escutem a receita da esbórnia. É verão, período de férias, então época “apropriadeséssima” para dar festas, chamar os amigos, etc., principalmente os “etcs”.

E festa bem sucedida é aquela em que tudo dá certo?

Errado.

Festa boa, ou pelo menos a festa que será lembrada por todos durante anos, é aquela em que reina o caos. As pessoas não querem apenas bebericar um licor de pequi ou comer uma coxinhas... Coxinhas?!!! Hummmm...

Elas querem terminar a festa em algum lugar no cerrado, bêbadas, seminuas e sem saber como chegaram até lá; quanto mais caótica, melhor a festa.

O nível ideal de caos, ocorre numa sequência lógica.

Observe:

À meia noite: surgem os primeiros convidados. Entre eles, um monte de gente que você nunca viu na vida. Isso inclui um time de basquete, um travesti, um malabarista chinês, um gorila e uma cia. inteira do batalhão do Exército.

À uma da madrugada: o som é alto e ensurdecedor. O nosso Amaury Júnior do cerrado aparece de “bicão” na festa entrevistando os convidados, a preço módico, pela edição da fita e veiculação na mídia.

Às duas da madrugada: a bebida acaba. Em desespero, as pessoas atacam os produtos de limpeza encontrados na cozinha. O travesti derruba um cigarro no coquetel de querosene. O sofá pega fogo. O pessoal improvisa uma dança da chuva em volta da fogueira. Voltam os bombeiros e são impedidos de entrar na casa, por ato do dono, que alega ser autoridade e amigo do governador. Alguém tem a idéia de lançar a dona da casa na piscina, a idéia é plenamente aceita.

Às três da madrugada: começam as primeiras brigas. Móveis são quebrados e garrafas voam. Restos orgânicos se espalham pelo chão. Pode ser comida, vômito, vinho ou sangue. Não há como distinguir direito. Uma ambulância, aparece para levar os feridos, um “tático móvel” dá apoio a ação. Os enfermeiros acabam ligando para o hospital para pedir reforços, já que também é necessário levar alguns convidados que entraram em coma alcoólico.

Às quatro da madrugada: uma gangue de punks invade a festa para quebrar o que sobrou da mobília.

Às cinco da madrugada: surge um marido enfurecido e armado com um revólver em busca de sua esposa. Em meia hora já está enturmado e esquece de sua cara-metade, aliás, ele nem percebe que ela está debaixo de uma mesa, aos beijos com um artista plástico do terceiro escalão.

Às seis da manhã: o local dever estar com uma aparência semelhante a Berlim em 1945. Algumas pessoas estão desmaiadas pelo chão, outras estão desaparecidas. A defesa civil aparece para fazer uma operação de reconhecimento. A prefeitura instala estado de calamidade pública.

Uma semana depois você ainda vai encontrar bêbados perdidos pela casa; debaixo do abajur, no armário de mantimentos, lugares assim.

Se tudo isso acontecer a sua festa será um sucesso. Você terá cacife social para fazer várias outras festas.

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