O pequeno Kaiowá 06/04/2005

Morreu ontem mais um indiozinho guarani-kaiowá, no Mato Grosso do Sul. Morreu Maciel Nunes, com apenas três aninhos, vítima de leishmaniose. Na sexta-feira passada já havia morrido o irmãozinho menor dele. Os dois viviam na Aldeia Piraquá, entre Bela Vista e Antônio João, na divisa com o Paraguai.

O Mato Grosso do Sul é governado pelo PT, daquele governador chamado Zeca do PT, um bem fornido funcionário de carreira do Banco do Brasil. É o mesmo senhor que se gaba de arrancar alguns milhões de reais do Banco do Brasil para realizar um festival cultural-eleitoreiro, e não cuida dos indiozinhos que morrem em seu estado.

Mas, ele sempre pode alegar que os índios são federais. Ou seja, índio não é estadual, índio é federal. E nesse caso, é certo, a responsabilidade, ou melhor, a irresponsabilidade, a insensibilidade, a criminalidade é da Funai e da Funasa.

Continua a tristeza, morreu mais um indiozinho; mas este ser humano não vai ser velado sob “pufs” dourados. Não terá nos pés pantufas de veludo ou manto de pura seda vermelha.

Terá, quiçá, um caixão de madeira; será enterrado numa cova rasa e enrolado numa reles rede de pano velho e puído. Não estarão as TVs do mundo focalizando seu mirrado cadáver; não se editarão textos, não restará memória.

Não! Nenhuma cantoria, música sacra. Lamento? Só o canto dolente de sua mãe ecoará no Cerrado sob a lixeira. Mas o choro de sua mãe produzirá lágrimas mágicas que curarão e alimentarão durante o caminho para o “Pai”.

Bem que a Santa Sé poderia buscar a luz da alma do pequeno kaiowá para iluminar as exéquias do Santo Padre.

Não nos esqueçamos dessa dimensão humana e, quando chorar, lembremo-nos dos desgraçados e que nossas preces sejam dirigidas a todos os “kaiowás” existentes no mundo.

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