Num busão Tijucal-Centro 23/07/2005

Ônibus lotado, 40 graus, fim de tarde-noite. Após longa espera na fila, bicha, com dizem os gaúchos, xingamentos a décima geração do Prefeito, que não resolve o transporte urbano, ônibus velho, barulhento, consegue Dona Maria embarcar de retorno a sua casa.

O dia de trabalho foi duro e ainda tem de preparar as refeições e arrumar as coisas dos meninos para o dia seguinte.

De pé, calo doendo, nenhuma alma lhe oferece lugar, bando semeducação, isso não é vida pra umserumano e ainda tem aqueles ladrões lá da politica; ouviu tudo pelo rádio.

O busão lota, entope de gente, brancos, pretos, jovens, velhos... a luta continua.

Enquanto está absorta em seus devaneios sente-se incomodada e reclama do esfrega-esfrega de um gaiato abusado e reclama:

-- Ô meu filho, que isso?!? Que volume é esse roçando em mim?

Desconcertado, o cara semvergonha tenta disfarçar:

-- É o meu mensalão que eu tô carregando na cueca.

E ela:

-- Ah, então você deve ser do “baixo clero” porque o pacote é tão pequenininho!

É verdade, conheço Dona Maria, pessoa de boa fé, trabalhadora, entende um pouco de política, é empregada doméstica de um vereador de Cuiabá; sempre a vi de bom humor, ultimamente anda muito desesperançada, já começou até a falar mal do Lula.

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