Mãe


Mãe, já está ficando tarde, tenho de voltar ao presente.

Só há um lugar no mundo para onde sempre volto com o coração aos pulos: Azulega em Cambará do Sul.

Qualquer dia estarei de novo aí.

Não é por meu gosto que vivo nos povoados.

Sabes, já faz alguns anos que não dou uma boa galopada nem vejo um nascer de sol.

Há muito não ouço um galo cantar nem vejo galinhas ciscando o pátio depois de uma chuva.

Já nem sei se formigas de asa existem ou são lenda.

Esqueci o gosto de um tatu assado na casca.

Bebo um leite de sabor desagradável que nada mais tem a ver com um apojo quentinho.

Virei bicho da cidade, mãe.

Mas qualquer dia desses, o diabo sai de trás da porta, ato a mala nos tentos e me mando à la cria!





Léo Medeiros é um ser humano como qualquer outro.

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